A 1ª EXPO Presencial da RIEH (Rede de Inovação para Educação Híbrida), realizada nos dias 19 e 20 de outubro de 2023, no hotel Ritz Lagoa da Anta, em Maceió/AL, reuniu cerca de 120 especialistas, educadores e gestores da educação das secretarias dos 24 Estados e Distrito Federal brasileiros que aderiram à RIEH.
Na abertura, o evento contou com a participação remota e ao vivo do professor Alexsandro do Nascimento Santos, Secretário Substituto em Exercício na Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica (DPDI) do Ministério da Educação - MEC, além dos presentes professora Valdirene Alves de Oliveira, coordenadora-geral do Ensino Médio do MEC, Fernando Pimentel, coordenador-geral do Núcleo da Universidade Aberta da UFAL, Alan Pedro da Silva, diretor-geral do Núcleo de Tecnologias Sociais (NEES) da Universidade Federal de Alagoas, Davi Bibiano, diretor do Instituto de Computação da UFAL, Ranilson Paiva, vice-coordenador geral da RIEH, e Ibsen Bittencourt, coordenador-geral da RIEH. Nomes de peso que emprestaram importância ao evento.
Abrindo o evento, o Professor Alexsandro do Nascimento Santos (MEC) afirmou
"A Rede de Inovação para Educação Híbrida está conectada, entrelaçada, à nossa proposta de Educação integral, à reestruturação do Ensino Médio, conduzida a partir da consulta pública que nós fizemos e à nossa estratégia nacional de escolas conectadas, lançada recentemente pelo Ministro Camilo Santana junto com o Presidente Lula, com a ambição de garantir que 100% das escolas brasileiras tenham um ambiente de qualidade para fins pedagógicos em sala de aula."
O primeiro dia (quinta, 19 de outubro)
Após a abertura do evento, o primeiro painel, mediado pela Professora Valdirene Alves de Oliveira (MEC), abordou o tema "Planejamento e Concepção da Educação Híbrida". O debate envolveu as Professoras Daniela Lima, da UFG/Brasil, e Ana Lara Casagrande, da UFMT/Brasil, além da participação on-line e ao vivo do Professor José Armando Valente, da UNICAMP/Brasil e MIT/EUA.
Ao abrir o painel, a Profa. Valdirene Alves de Oliveira instigou a avaliação crítica sobre as diversas concepções da Educação Híbrida, ressaltando a necessidade de evoluir para conclusões sobre as que se deve, inclusive, abrir mão: "Gostaria de deixar registrada a minha grata satisfação por ter mediado este primeiro painel. Na minha percepção, ele trouxe excelentes contribuições, reflexões, provocações. E, como eu chamei a atenção no início, nós deveríamos sair daqui com muitas perguntas - e penso que sairemos - e com algumas possibilidades já muito claras para mim do que eu não quero contribuir, de onde eu estou, no sentido de consolidar uma perspectiva que vá ao avesso do que eu acredito para este mundo, para a educação, para a sociedade."
O painel foi um convite para reflexões aprofundadas que permearam todo o evento. O Professor Valente destacou a importância de integrar o aspecto emocional no processo educacional. Ele defendeu a necessidade de atividades que conectem mente, mãos e coração dos estudantes, enfatizando a hibridização de currículos e a colaboração interdisciplinar como ferramentas fundamentais para atingir esse objetivo.
A Profa. Ana Lara Casagrande, por sua vez, ressaltou a relevância da política educacional na criação de uma unidade em um país de dimensões continentais como o Brasil. Ela chamou a atenção para a necessidade de clareza nas determinações legais relacionadas à Educação Híbrida e enfatizou a importância da cultura digital no contexto da Educação Híbrida. "O painel foi interessante, as falas parecem ter se complementado no sentido de pensar desafios e também potencialidades dessa Educação Híbrida e o público engajado, participativo, tornou tudo mais rico", concluiu a professora.
Já a terceira painelista, a Professora Daniela Lima, da UFG/Brasil, enfatizou que a Educação Híbrida vai muito além da simples alternância entre momentos presenciais e a distância. Segundo suas pesquisas, a verdadeira essência da Educação Híbrida reside na combinação cuidadosamente planejada de momentos de ensino e aprendizagem, criando um ambiente complexo e intrincado de interações educacionais: "A Educação Híbrida é um desafio por ser um conceito multifacetado e de diferentes concepções. Sendo, assim, importante o trabalho coletivo, colaborativo, que está sendo construído nesse encontro presencial."
Outro ponto alto do primeiro dia da EXPO foi a exposição dos planos de Educação Híbrida dos Estados, uma experiência diferenciada para os representantes compartilharem suas práticas, desafios e soluções, consolidando a RIEH como uma verdadeira comunidade de práticas.
A atividade foi híbrida e os Estados que não puderam enviar representantes para o evento presencial, também expuseram seu planejamento de forma síncrona e virtual.
Após as apresentações, os representantes dos Estados se reuniram em círculo para compartilhar aprendizados, promovendo uma troca rica e inspiradora entre todos os participantes.
"Está sendo fantástica a experiência para Pernambuco porque a gente teve uma entrada tardia no processo de Educação Híbrida e está sendo fantástico aproveitar as experiências dos outros Estados que estão mais avançados e também mostrar o nosso diferencial. É ótimo esse espaço aqui de network para ver em que etapa está cada estado e já trazendo pra gente uma experiência para o nosso futuro planejamento e implementação", comemorou Victor Lins, analista de produção de objetos de aprendizagem da Secretaria de Estado da Educação de Pernambuco.
A Subsecretária de Educação Básica do Distrito Federal, Iêdes Braga, afirmou que "é uma oportunidade ímpar participar desse momento em que podemos compartilhar as nossas concepções e percepções acerca da Educação Híbrida e também conhecer as experiências de outros Estados. Um momento como esse enriquece sobremaneira a proposta que estamos tentando implementar ou iniciando no Distrito Federal. Esperamos, de fato, que essa rede se fortaleça cada vez mais para que a Educação Híbrida saia do discurso para compor a prática de todas as unidades da Federação."
Já a Gerente de Desenvolvimento Curricular da Secretaria de Estado da Educação de Rondônia, Luciana Nobre, concluiu que "a gente percebeu que nós temos os mesmos desafios nessas trocas de experiências e vamos aprendendo uns com os outros. No caso de Rondônia, trouxemos um pouco dessa questão da regionalização dos estúdios, que isso interessou a muitos outros e nós também pudemos aprender como os outros Estados estão fazendo formação continuada dos professores, que é uma coisa que interessa muito pra gente. Então está sendo um momento muito enriquecedor, um ambiente muito agradável e de muita aprendizagem."
O segundo dia (sexta, 20 de outubro)
O segundo painel do evento, sob o tema "Potencializando as Práticas Pedagógicas com Recursos Educacionais Digitais" foi mediado pelo Professor Fernando Pimentel, Coordenador Institucional de Educação a Distância, Coordenador da UAB, ambos da UFAL, e Coordenador Geral da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). Participaram do painel, a distância, o Professor José António Moreira, da Universidade Aberta de Portugal e, presencialmente, o Professor Thomaz Veloso, coordenador técnico da RIEH, e a Professora Eliane Schlemmer, da UNISINOS.
O Prof. José António Moreira enfatizou a importância de olhar para a Educação além da simples transição analógico-digital, defendendo a construção de um ecossistema pedagógico inovador que considere as diversas dimensões, como espaços, tempos, presenças analógicas ou digitais, e a utilização de diferentes tecnologias. O professor ressaltou ainda a relevância do diálogo estreito entre tecnologia e pedagogia, defendendo a formação padagógico-tecnológica para incorporar o digital nas práticas docentes: "Temos que pensar cada vez mais numa realidade líquida, fluida, híbrida neste sentido e não da soma de um espaço ou de um ambiente com o outro, mas como conseguimos fazer disto uma ecologia muito mais dinâmica e que nos permita transformar a Educação."
O segundo painelista, Professor Thomaz Veloso, destacou a importância do compromisso de ir além da simples entrega de tecnologia nas políticas públicas educacionais e, especificamente, na Rede de Inovação de Educação Híbrida, projeto em que é coordenador técnico. Ele enfatizou a necessidade do engajamento dos professores na Educação Híbrida, focando no processo de aprendizagem e na prática pedagógica: "Para que essa política chegue, de fato, onde a gente espera que ela chegue - na sala de aula - a gente tem que ter o compromisso do Secretário, das diretorias ou coordenadorias, e também temos que ter o compromisso dos nossos professores."
A professora Eliane Schlemmer, terceira painelista, abordou a evolução do conceito de hibridismo, inicialmente centrado na combinação de tecnologias digitais, para uma abordagem mais ampla, considerando tecnologias analógicas, diferentes espaços geográficos, formas de presença e linguagens. Ela destacou três níveis de hibridismo, culminando no "coengendramento", comparando-o à experiência de degustar uma toranja, um fruto híbrido (que não é uma laranja mais um pomelo, mas sim uma outra fruta). A professora ressaltou ainda a importância das tecnologias digitais na Educação, como sendo "tecnologias da inteligência" (de acordo com Pierre Lévy) que modificam as funções cognitivas humanas, e a necessidade de compreender as tecnologias como forças ambientais que modificam a interação, percepção e realidade, culminando em um modelo pedagógico de pedagogias conectivas: "Nós não estamos interessados em tecnologia, nós estamos interessados no ato conectivo que acontece entre humano e o não-humano", conclui a professora.
Após o painel, a coordenadora de implementação da RIEH, Alessandra Debone, fez a apresentação "Próximos Passos", trazendo uma breve retrospectiva da regulamentação e documentação da RIEH, até os resultados dos dias atuais, com 24 secretarias estaduais de educação aderentes ao projeto. Alessandra fez um passeio pelas ações e interações promovidas em 2023 que consolidam o conceito de rede para o projeto, como oficinas, exposições de casos, o game híbrido "Caminhos da Implementação" e vários outros encontros, além de apresentar os grandes números da RIEH, as pendências e desafios para para 2024, como engajar professores e estudantes, além de monitorar os resultados.
"A importância da Rede de Educação Híbrida para a Educação Brasileira não é só simplesmente implementar a Educação Híbrida no Brasil, mas é construir uma concepção do que é a Educação Híbrida em âmbito nacional. A gente trabalhando junto e aprendendo junto com todas essas secretarias estaduais e distrital de educação envolvidas hoje no Brasil pode entender isso de forma conjunta, aplicar em diversas realidades brasileiras, em diversos contextos, e com isso a gente pode virar uma referência internacional sobre Educação Híbrida e levar todo esse conhecimento para outras regiões do sul global", afirma Alessandra Debone.
A coordenadora-geral do Ensino Médio do MEC fez uma fala de agradecimento e deixou claras as suas expectativas para a consolidação da Educação Híbrida no Brasil: "precisamos construir isso junto com os estudantes do Ensino Médio e, claro, como professora de Ensino Médio que fui muito tempo, de Rede Pública, conhecedora do que é a realidade do Ensino Médio noturno, é com os professores também. Vamos encontrar um caminho coletivo nessa rede."
Ainda pela manhã, teve início o workshop "Aula híbrida mão na massa", em que os participantes foram divididos em grupos e incentivados a elaborar um plano de aula híbrida a ser apresentado em um vídeo de até 90 segundos de duração. À tarde, todos os planos de aula foram apresentados com os respectivos vídeos e todos puderam conhecer diferentes maneiras de pensar uma aula híbrida.
“O primeiro aprendizado é o entendimento da RIEH em si. O quão grandioso e ambicioso é a Rede de Inovação para Educação Híbrida, uma ação a nível federal, estruturada, organizada, que entende a complexidade do tema. Se compararmos com a implementação do novo ensino médio, a gente não teve algo parecido. Porque não é uma ideia que cada estado implementa, não, são todos os estados implementando juntos, desde a concepção até depois. [...] A Daniela falou de manhã do sentimento de pertencimento, agora a gente se sente muito mais pertencido a uma rede e não só Santa Catarina batalhando internamente”, considerou Renan Peixoto, técnico da Coordenação de Tecnologias Educacionais da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina.
Cleiton Sales, assessor técnico pedagógico da Secretaria de Estado da Educação do Mato Grosso, compartilhou que “É reconfortante ouvir que há saídas, há soluções e que todos estamos no mesmo processo. Gostaria de agradecer à equipe nacional de implementação, a paciência que eles têm de nos orientar [...] e estar aqui é uma experiência única. Esperamos que haja outros momentos, para que a gente possa, no decorrer do processo, estar trocando experiências.”
Ao final do evento, os consultores da RIEH apresentaram os Estados que mais se destacaram no game Caminhos da Implementação, sendo Acre, Santa Catarina e Ceará os que mais pontuaram. Os representantes destes Estados receberam troféus pelo destaque e puderam expor seus planejamentos de Educação Híbrida para todos os presentes. Os troféus foram entregues pelo coordenador técnico, Thomaz Veloso, e pelo coordenador-geral da RIEH, Ibsen Bittencourt.
Premiação Acre
Premiação Ceará
Premiação Santa Catarina
O professor Ibsen, acredita que, como em toda rede, o conceito de trama, ponto e nó é realçado no projeto e o engajamento dos parceiros estratégicos, incluindo as secretarias estaduais e o Distrito Federal, é fundamental para fortalecer a Educação Híbrida de maneira eficaz. Ele afirma ainda que expansão contínua da rede é buscada com o objetivo principal de promover a equidade educacional, com foco nos alunos. "Se hoje eu sou professor e pesquisador é porque tenho alunos pelos quais entro em sala de aula pensando em aprender e aprender para impactar positivamente as ações sociais e impactar o mundo. A gente espera que tenha um mundo mais justo, com mais equidade, que possa ser bom para toda a sociedade", declara o professor.
Texto: Assessoria de Comunicação da RIEH
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